sábado, 15 de setembro de 2012

‘Quero governar a cidade junto com a população’ - Entrevista de Dayse Oliveira para Jornal o São Gonçalo

Oriunda do movimento social, a candidata à Prefeitura de São Gonçalo, Dayse Oliveira (PSTU), tenta pela segunda vez se eleger (a primeira delas foi em 2004). A igualdade dos direitos para todos os cidadãos é uma de suas bandeiras de campanha. Dayse diz que pretende fazer um governo com participação ativa dos trabalhadores. “Vamos apoiar todasas lutas dos trabalhadores. Para o PSTU, esse é o principal objetivo”, afirma. Professora e fundadora do Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação (Sepe), Dayse quer maior atenção para a educação, sobretudo a profissionalizante, para formação de mão de obra qualificada para o Complexo Petroquímico do Rio (Comperj).

O SÃO GONÇALO - O que motivou a senhora a se candidatar à Prefeitura de São Gonçalo?
DAYSE OLIVEIRA - Eu quero dar uma oportunidade aos movimentos sociais, negros e feministas. Para que os profissionais de educação tenham voz, para que os metalúrgicos tenham voz, para que os trabalhadores do Comperj sejam ouvidos. E eu já estou fazendo isso, como por exemplo, nessa entrevista, nos debates, nas panfletagens, nas mobilizações. O fato de, hoje, nós termos o menor salário dos profissionais de educação em todos os municípios do estado, onde os professores ganham menos de R$ 700 por mês, também me motivou a entrar nessa disputa. A educação é o futuro da cidade. Uma cidade sem educação é uma cidade sem futuro.
OSG - Qual a sua expectativa para a disputa eleitoral deste ano?
DAYSE - Bem, eu gostei muito da minha última candidatura à Prefeitura, em 2004, quando recebi cerca de cinco mil votos. Nós planejamos avançar um pouco mais nessa eleição, uma vez que estamos fazendo uma campanha humilde, financiada por profissionais de educação, por trabalhadores da nossa sociedade, operários. E eu estou bastante feliz, acredito na possibilidade de conseguir ser mais votada nesse ano.
OSG - O que a senhora acha do desnível nos investimentos econômicos das campanhas entre os prefeitáveis?
DAYSE - Eu acho que isso reflete a desigualdade da sociedade atual capitalista em que vivemos. É uma sociedade racista, machista e homofóbica. Então, essa desigualdade não seria diferente no processo das eleições. Nosso orçamento para a campanha à Prefeitura de São Gonçalo gira em torno de R$ 5 mil, enquanto o de outros candidatos chega a casa dos milhões. As candidaturas são financiadas pelos grandes empresários. Só vai haver um nivelamento quando nós vivermos em uma sociedade igualitária.
OSG - Que projetos a senhora têm para o município, caso seja eleita em outubro?
DAYSE - Apoiar todas as lutas dos trabalhadores, para o nosso partido, o PSTU, isso é o principal. Valorização e respeito aos profissionais da educação, bem como, valorização e respeito aos profissionais da saúde. Criação de conselhos populares para podermos discutir os problemas da cidade e valorizar as associações de moradores, que são sérias, mas que hoje não tem o caráter participativo com as regiões que poderia ter. Quero uma forma de governar a cidade junto com a população. Discutir a questão da violência contra as mulheres, o racismo e a violência contra os homossexuais, para tentar acabar com o preconceito e construir uma cidade para os trabalhadores e setores oprimidos.
OSG - Qual deve ser a prioridade de investimentos?
DAYSE - Devemos investir na valorização do profissional nos setores em geral. Principalmente na educação, saúde e cultura. Temos que construir teatros públicos. Fazer o oposto do que tem sido feito. Não é prioridade da prefeitura investir nos profissionais. O dinheiro está sendo usado sim na remontagem de praças e recapeamento de ruas. Hoje, nós temos passagens de ônibus que são caras para a população de São Gonçalo. Nós, dentro do governo, temos que rever essa questão e nós queremos reverter esse quadro.
OSG - O que a senhora acha que a diferencia dos outros candidatos para que receba os votos dos eleitores?
DAYSE - Eu sou a única candidata mulher e negra, isso já é uma grande diferença. As mulheres negras, em sua grande maioria, estão em serviços domésticos e precários, essa é uma realidade que queremos reverter. É uma candidatura de alguém que atua no movimento social, que está presente nas lutas pelos movimentos trabalhistas. Minha história é uma história de luta, eu tenho uma militância partidária, mas também tenho uma militância social. Sempre trabalhei em prol dos oprimidos, das mulheres, dos negros e dos homossexuais na luta pela igualdade social. Tudo isso me diferencia bastante de todos outros prefeitáveis da cidade de São Gonçalo.
OSG - Por que o PSTU decidiu lançar candidatura independente, sem nenhuma coligação?
DAYSE - Nós procuramos o PSol, no ano passado, para discutir uma candidatura conjunta, mas essa reunião foi desmarcada e eles não nos procuraram para podermos sentar e discutir essa questão. Após isso, eles lançaram o candidato deles antes de nos contatar, sem discutir conosco. Então eles já tinham um candidato do PSol confirmado para prefeito e um vice-prefeito do PCB. Nós, do PSTU, conversamos e chegamos à conclusão de que, caso houvesse uma aliança, nossa independência política seria comprometida. Por isso, não nos restou outra saída além de lançar uma candidatura à parte, sem nenhum partido em coligação.
Fonte: http://www.osaogoncalo.com.br/site/pol%C3%ADtica/2012/7/25/42726/%E2%80%98quero+governar+a+cidade+junto+com+a+popula%C3%A7%C3%A3o%E2%80%99

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