O SÃO GONÇALO - O que motivou a senhora a se candidatar à Prefeitura de São Gonçalo?
DAYSE OLIVEIRA
- Eu quero dar uma oportunidade aos movimentos sociais, negros e
feministas. Para que os profissionais de educação tenham voz, para que
os metalúrgicos tenham voz, para que os trabalhadores do Comperj sejam
ouvidos. E eu já estou fazendo isso, como por exemplo, nessa entrevista,
nos debates, nas panfletagens, nas mobilizações. O fato de, hoje, nós
termos o menor salário dos profissionais de educação em todos os
municípios do estado, onde os professores ganham menos de R$ 700 por
mês, também me motivou a entrar nessa disputa. A educação é o futuro da
cidade. Uma cidade sem educação é uma cidade sem futuro.
OSG - Qual a sua expectativa para a disputa eleitoral deste ano?
DAYSE -
Bem, eu gostei muito da minha última candidatura à Prefeitura, em 2004,
quando recebi cerca de cinco mil votos. Nós planejamos avançar um pouco
mais nessa eleição, uma vez que estamos fazendo uma campanha humilde,
financiada por profissionais de educação, por trabalhadores da nossa
sociedade, operários. E eu estou bastante feliz, acredito na
possibilidade de conseguir ser mais votada nesse ano.
OSG - O que a senhora acha do desnível nos investimentos econômicos das campanhas entre os prefeitáveis?
DAYSE -
Eu acho que isso reflete a desigualdade da sociedade atual capitalista
em que vivemos. É uma sociedade racista, machista e homofóbica. Então,
essa desigualdade não seria diferente no processo das eleições. Nosso
orçamento para a campanha à Prefeitura de São Gonçalo gira em torno de
R$ 5 mil, enquanto o de outros candidatos chega a casa dos milhões. As
candidaturas são financiadas pelos grandes empresários. Só vai haver um
nivelamento quando nós vivermos em uma sociedade igualitária.
OSG - Que projetos a senhora têm para o município, caso seja eleita em outubro?
DAYSE -
Apoiar todas as lutas dos trabalhadores, para o nosso partido, o PSTU,
isso é o principal. Valorização e respeito aos profissionais da
educação, bem como, valorização e respeito aos profissionais da saúde.
Criação de conselhos populares para podermos discutir os problemas da
cidade e valorizar as associações de moradores, que são sérias, mas que
hoje não tem o caráter participativo com as regiões que poderia ter.
Quero uma forma de governar a cidade junto com a população. Discutir a
questão da violência contra as mulheres, o racismo e a violência contra
os homossexuais, para tentar acabar com o preconceito e construir uma
cidade para os trabalhadores e setores oprimidos.
OSG - Qual deve ser a prioridade de investimentos?
DAYSE -
Devemos investir na valorização do profissional nos setores em geral.
Principalmente na educação, saúde e cultura. Temos que construir teatros
públicos. Fazer o oposto do que tem sido feito. Não é prioridade da
prefeitura investir nos profissionais. O dinheiro está sendo usado sim
na remontagem de praças e recapeamento de ruas. Hoje, nós temos
passagens de ônibus que são caras para a população de São Gonçalo. Nós,
dentro do governo, temos que rever essa questão e nós queremos reverter
esse quadro.
OSG - O que a senhora acha que a diferencia dos outros candidatos para que receba os votos dos eleitores?
DAYSE -
Eu sou a única candidata mulher e negra, isso já é uma grande
diferença. As mulheres negras, em sua grande maioria, estão em serviços
domésticos e precários, essa é uma realidade que queremos reverter. É
uma candidatura de alguém que atua no movimento social, que está
presente nas lutas pelos movimentos trabalhistas. Minha história é uma
história de luta, eu tenho uma militância partidária, mas também tenho
uma militância social. Sempre trabalhei em prol dos oprimidos, das
mulheres, dos negros e dos homossexuais na luta pela igualdade social.
Tudo isso me diferencia bastante de todos outros prefeitáveis da cidade
de São Gonçalo.
OSG - Por que o PSTU decidiu lançar candidatura independente, sem nenhuma coligação?
DAYSE -
Nós procuramos o PSol, no ano passado, para discutir uma candidatura
conjunta, mas essa reunião foi desmarcada e eles não nos procuraram para
podermos sentar e discutir essa questão. Após isso, eles lançaram o
candidato deles antes de nos contatar, sem discutir conosco. Então eles
já tinham um candidato do PSol confirmado para prefeito e um
vice-prefeito do PCB. Nós, do PSTU, conversamos e chegamos à conclusão
de que, caso houvesse uma aliança, nossa independência política seria
comprometida. Por isso, não nos restou outra saída além de lançar uma
candidatura à parte, sem nenhum partido em coligação.
Fonte: http://www.osaogoncalo.com.br/site/pol%C3%ADtica/2012/7/25/42726/%E2%80%98quero+governar+a+cidade+junto+com+a+popula%C3%A7%C3%A3o%E2%80%99
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